VIVER EM LONDRES | Como encontrar trabalho?

13:59 Joana Santos 1 Comments


A um dia do aniversário da minha mudança para o Reino Unido, a rubrica mais adorada deste blogue volta com os seus conselhos e sugestões para aqueles que se aventuraram e partiram à descoberta. Desta vez, fala-se de como encontrar trabalho em Londres (dicas que, na verdade, podem servir para quem vive noutras cidades). Mas lembrem-se: isto é a minha experiência, o vosso caminho é só vosso. 

Se já possuem conta no banco, documentos de identificação em dia e National Insurance Number (ainda que provisório), estão aptos para assinar um contrato de trabalho. Mas por onde começamos?

1. Rever o Currículo 
Antes de enviarem o vosso CV para alguma empresa ou de criarem conta em motores de busca de empregos, vejam se as informações continuam actualizadas. Já passou, provavelmente, algum tempo desde o dia em que chegaram e talvez já tenham alterado a vossa morada, o vosso número de telefone ou talvez até já se sintam mais confortáveis com a língua e reparem em algum erro que vos tinha passado despercebido até hoje. Tenham também atenção a palavras com acentos, cedilhas ou outras formas de acentuação próprias do português. Muitas vezes, em motores de recrutamento automáticos, o vosso currículo poderá não ser visualizado correctamente porque o vosso nome, outrora "João", passou a "Jo#!%o". Está tudo correcto? Então, está na altura de mostrarem o que valem ao mundo. 

2. Criar conta em sites de busca de emprego
Regra geral, as plataformas de divulgação de ofertas de trabalho no Reino Unido funcionam melhor do que aquelas a que estamos habituados em Portugal. O processo é mais intuitivo e rápido, pois, na maior parte dos sítios, é só clicar e o nosso CV é logo enviado para os recrutadores. Não há necessidade de preencher centenas de campos informativos, responder a questões demasiado específicas (à excepção dos motivos pelos quais queremos trabalhar em determinada empresa) ou fazer testes de aptidões. Para além disso, há aplicações para o telemóvel, tornando possível enviar o nosso CV a partir de qualquer lado. Claro que, de ramo para ramo, tudo o que estou a escrever aqui pode alterar-se, mas de uma maneira genérica é assim que funciona. Procurem websites específicos para as vossas áreas e tirem sempre umas horas por dia para pesquisar ofertas nestes locais. Para mim, as plataformas de eleição são CV Library, Monster, Indeed e TotalJobs. Para aqueles que procuram ofertas na área de hotelaria e restauração, o Caterer é a vossa melhor aposta. 



3. Criar conta no Linkedin
Em Londres, e, no geral, em todo o Reino Unido, o Linkedin é a plataforma de eleição para headhunters (recrutadores) entrarem em contacto com profissionais. Se tiverem um bom perfil, experiência profissional consistente e relevante, o mais provável é que, semanalmente, recebam contactos com ofertas de trabalho. Formem uma boa rede de contactos, peçam para que os vossos colegas vos recomendem e, sobretudo, mostrem o quanto valem, através de partilhas de assuntos que estejam ligados à área em que pretendem trabalhar.

4. Tomar atenção aos websites de empresas dentro da área que procuram
Pode acontecer que determinadas empresas tenham uma plataforma de ofertas de emprego dentro do próprio website sem as publicarem nas plataformas anteriormente referidas. Por isso, o melhor que têm a fazer é criarem uma lista com todas as empresas que vos possam interessar de que se lembram e visitar as páginas online das mesmas. Se encontrarem ofertas interessantes, não deixem de visitar o Linkedin dos responsáveis pelos recursos humanos da empresa e, com uma boa dose de coragem, enviem-lhes o vosso currículo directamente. 

5. Apostar nas candidaturas espontâneas
Porque o importante é nunca baixar os braços e ter bastante persistência, muitas vezes vale a pena sair de casa, com um monte de currículos debaixo do braço e entrar dentro de um Centro Comercial ou nas mil e uma lojas espalhadas pela cidade e pedir para deixar o CV. Mesmo que não estejam a precisar de ninguém, vocês mostram-se à marca e, se gostarem da vossa atitude, podem chamar-vos. O mesmo vale para candidaturas espontâneas enviadas por e-mail. Gostam de uma marca e adoravam trabalhar nas suas lojas ou escritórios? Não tenham vergonha. Arrisquem. 



Tenho uma entrevista, e agora? 

A confirmação de que, finalmente, conseguimos uma entrevista de emprego pode deixar-nos em completo terror. Mesmo quando estamos confiantes dos nossos conhecimentos de inglês, mesmo que já tenhamos passado por outras mil entrevistas de emprego em Portugal. Afinal de contas, é a nossa primeira entrevista num país estrangeiro. O mais importante é, sem dúvida, manter a calma. E, claro, fazer bem o trabalho de casa. Existe um website chamado Glassdoor, onde, para além de poderem consultar ofertas de emprego, podem ainda ler avaliações por parte dos trabalhadores da empresa para onde foram chamados acerca das condições de trabalho do local. Na maior parte das vezes, esses mesmos trabalhadores contam como são as entrevistas e quais as perguntas mais frequentes. Fala-se também de salários, férias, relações entre os colegas e muitos outros temas que vos podem dar uma ideia do que esperar. Para além disso, estudem bem o conceito da marca e estejam preparados para perguntas sobre a mesma. Depois, construam bem a vossa história: quem são, de onde vêm, o que procuram com a vossa mudança para o Reino Unido e porque escolheram enviar a vossa candidatura para determinada empresa. No dia da entrevista, sejam vocês próprios. Em Londres, pelo menos, apoia-se a diferença, a originalidade e as particularidades de cada um. E, por isso, é que tanta gente escolhe esta cidade para ser livre. 

A minha experiência

Cheguei a Londres a 30 de Junho de 2015. Comecei a procurar trabalho uma semana depois de chegar. No dia seguinte a ter iniciado a procura tive uma entrevista. Uma semana depois, outra entrevista. Duas semanas depois, outra entevista. E dia 27 de Julho de 2015 comecei a trabalhar, num local onde fiquei durante 8 meses. Enviei candidaturas espontâneas, respondi a anúncios, falei com amigos que podiam ser bons contactos, colei os meus olhos às montras as lojas para descobrir ofertas de emprego. Fiz de tudo um pouco. Pelo meio, recusei muitas ofertas, que se revelaram ser diferentes daquilo que eu esperava, marquei entrevistas que acabei por desmarcar e tive experiências mirabolantes. Acima de tudo, fui sempre fiel a mim própria. E segui o meu instinto. Sabia que aquilo que pretendia inicialmente era melhorar o meu inglês, perder a vergonha na hora de falar aquela que viria a seguir a minha segunda língua e criar uma rede de contactos na minha nova cidade. Então, procurei maioritariamente empregos ligados ao atendimento e apoio ao cliente. Lojas, supermercados, cafés, call centres, corri tudo. Pus de lado qualquer oferta em que precisassem de pessoas que falassem português, porque sabia que aí não ia praticar tanto quanto noutro lugar onde só se falasse inglês. Respondi ainda a ofertas para empregos em limpezas e serviços de babysitting. A minha primeira entrevista foi para uma loja de souvenirs, na zona de London Bridge. Ofereceram-me o trabalho. Eu não aceitei porque não gostei da energia da loja. A minha segunda entrevista foi para cuidar de um bebé, super querido, numa casa na zona de Canada Water. A mãe adorou-me, o pai discutiu com a mãe em plena entrevista. O miúdo ficou com cara de quem assistia a discussões todos os dias. Eu tive medo da responsabilidade de educar uma criança. Disse que não estava interessada no trabalho. A minha terceira entrevista foi para uma loja que vendia materiais de construção. A posição disponível era para operadora de caixa. O trabalho era longe de tudo: dos transportes, da casa onde eu estava a viver, do centro da cidade. Para além disso, consistia em turnos rotativos: um deles começava às 6:15 da manhã e o outro terminava às 20:15. Eu adorei tudo: a loja, o gerente da loja, a rapariga dos recursos humanos, a energia do espaço, os outros trabalhadores. Mesmo que este trabalho me obrigasse a mudar de casa, acordar às 4 horas da manhã e andar a pé numa zona que não é propriamente a zona mais segura de Londres. Aceitei. E, durante oito meses, raramente me apeteceu mudar de trabalho (só naqueles dias em que o cansaço me fazia adormecer e chegar atrasada). Durante oito meses, aprendi como se reveste uma casa da humidade, como se evita que as janelas deixem entrar o frio e ainda que existem pelo menos uns cinco tipos de rodapés diferentes. Durante oito meses, aprendi a falar um bocadinho de polaco e, aos poucos, fui ganhando confiança com o meu inglês. Cresci muito. E agradeço, ainda hoje, a quem, no dia da minha entrevista, depositou a confiança em mim e soube deixar-me à vontade. E, mais do que isso, agradeço à minha intuição que me levou sempre a fazer as escolhas mais acertadas. 

Tenham o vosso objectivo bem definido. Arrisquem. Sem medos. E, sobretudo, confiem. Mesmo quando tudo vos parecer virado do avesso. 

Com amor,
Joana


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OS ÚLTIMOS TEMPOS | DOIS MESES EM PORTUGAL

11:48 Joana Santos 4 Comments


O regresso a Portugal foi uma aventura. Muitos de vocês perguntaram-me várias vezes se estava tudo bem comigo e com o blogue, se ia deixar de escrever, se precisava de ajuda. Todos receberam a mesma resposta: está tudo bem, mas o tempo tem sido pouco. Isso foi verdade no primeiro mês. Cheguei dia 22 de Abril, confiante de que, depois de uma semana a viajar pelo Douro, a viver umas merecidas férias, ia chegar à casa que alugámos e pôr as mãos na massa, que é como quem diz desfazer as malas, mobilar a casa e dedicar-me aos meus projectos e à procura do trabalho de sonho. Como a vida adora pregar-nos partidas, para colocar à prova os nossos níveis de paciência e resistência, a dois dias do fim da viagem descobrimos que, afinal, a casa alugada não ia estar disponível na data em que era suposto. O que é que isso significava? Que dali a dois dias não tínhamos sítio onde ficar. Claro que havia a opção de ficarmos em casa da minha mãe, mas, como o Gui ia começar a trabalhar dali a três dias, ia ser desconfortável para todos: a casa não é assim tão grande e íamos passar a ser seis pessoas lá dentro. Ficámos nervosos e tristes, mas, no meio das férias, lá conseguimos arranjar maneira de entrar em contacto com um amigo que vive em Londres e que aluga a casa em Lisboa. Para nossa felicidade, a casa estava vaga entre o dia a partir do qual precisámos e até à segunda data que nos foi dada como data para a mudança para a casa definitiva. É certo que o problema se resolveu, mas não deixou de ser um transtorno enorme, porque era a altura em que mais precisámos de algo certo. Durante alguns dias, vivemos, assim, numa casa temporária e tudo passou a estar em stand-by. Para mim, foi quase como uma continuação das férias mas, em vez de elas acontecerem no Douro, aconteciam agora em Lisboa. Estive com alguns amigos, vi a minha família, matei saudades desta cidade linda e, ao longo do tempo, fui-me sentindo cada vez mais em casa. Mas, na verdade, com tanta indecisão (será que íamos mesmo conseguir mudar para a casa definitiva no dia esperado? será que íamos ter tempo de conciliar os arrumos e as compras para a casa com o horário de trabalho do Gui? será que ia haver mais surpresas?), eu fui perdendo aquela energia com que cheguei a Portugal. Mudámo-nos para a casa nova no dia combinado, houve tempo para tudo e não houve assim grandes surpresas no entretanto. Arranjámos uma amiguinha nova para o nosso gato Oreo, a Noor, mobilámos a casa, que está mesmo a nossa cara, embora ainda lhe falte quadros nas paredes, descobrimos o nosso bairro, limpámos o nosso jardim, cuidámos da laranjeira, plantámos pimentos, ervas aromáticas, morangos e flores novas e ainda descobrimos aloé vera pelo meio, avançámos no planeamento do nosso casamento, tomámos decisões importantes, fomos à praia nos dias mais quentes e vimos o pôr do sol durante muitas semanas seguidas. Hoje, celebramos dois meses em Portugal. E eu, finalmente, acordei cedo, saí de casa e sentei-me a escrever (para mim e paa vocês) num café pequenino aonde costumava vir antes da minha aventura por terras de Sua Majestade. A verdade é que não "arranjei tempo". Arranjei energia. A falta de tempo e de segurança que senti no início deste regresso trasnformou-se mais tarde em falta de energia. Energia para me dedicar à escrita e aos projectos que me fazem sorrir o coração. Porquê? Ainda não descobri a resposta, mas sei que tenho procrastinado muito neste aspecto. É mais fácil riscar aquelas tarefas menos importantes da lista, como ler os folhetos das promoções da semana ou mudar a areia da caixa dos gatos, em vez de me sentar comigo mesma. Ouvir-me. Colocar em palavras aquilo que o meu coração diz. E depois é só mais uma bola de neve: a falta de energia acumula-se e transforma-se numa avalanche de dúvidas e questões ao que sou, que por sua vez sugam mais energia e por aí em diante. Essa falta de energia, que trouxe consigo as questões e as dúvidas, levou-me a parar e a fazer um balanço de tudo aquilo que me comprometi a fazer e tentar descobrir se ainda tudo faz sentido. E a verdade é que, dentro do meu coração, faz. Então, hoje, acordei cedo, vesti um vestido cheio de flores para me ajudar a sorrir melhor e sorri durante todo o caminho até ao café bonito que escolhi para esta manhã. A mente, com todos os seus fantasmas, pode cansar o coração, mas a verdade é que ele sabe sempre como (re)encontrar o seu caminho e a sua paz. O segredo é escutá-lo. 



E VOCÊS, O QUE É QUE PODEM ESPERAR DO BLOGUE AGORA?
~ Muitos conselhos na rubrica Viver em Londres, para quem quer pôr pés ao caminho,
~ Muito amor pela Mãe Natureza na rubrica Joana Goes Green (experimentei uma data de produtos vegan de que vos quero falar),
~ Histórias inspiradoras na rubrica Other Voices,
~ Um desafio bonito, 
~ Histórias das minhas viagens! 

Quem continua por aqui? Quem é novo por cá?

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Santo António - Vamos para a festa?

13:19 Joana Santos 1 Comments



É verdade: não tenho dado atenção nenhuma ao blogue. Desde que cheguei a Portugal, a vida tem andado uma correria e, para ser sincera, o tempo e a paciência têm sido muito poucos. Mas falemos disso noutra publicação (prometo que vos actualizo sobre os últimos tempos!), porque hoje é dia de A Cultura Mora Aqui

Este mês, sendo ele um mês de festa por todo o país, falo-vos daquela que é uma das minhas épocas preferidas do ano: os Santos Populares. 

Se no Porto se festeja o São João, com muitas marteladas na cabeça daqueles que andam pelas ruas, em Lisboa, o rei é o Santo António. Mas de onde vem toda esta celebração em torno deste santo? Santo António foi baptizado Fernando de Bulhões, na cidade de Lisboa, em 1191. Cresceu no seio de uma família nobre, naquela que é hoje a Igreja de Santo António, bem no coração de Lisboa, bem no coração de todos os festejos em seu nome. Foi educado para ser um cavaleiro, mas a sua simplicidade e amor pela teologia levam-no até Coimbra onde, mais tarde, ingressa na Ordem Franciscana. Pregador, com vontade de espalhar a palavra de Cristo pelo mundo, tornou-se num dos mais importantes e populares santos da Igreja Católica, estando a sua imagem espalhada um pouco por todo o mundo. Em Portugal, é o santo principal da cidade de Lisboa e o santo secundário de todo o território nacional. 

Santo António faleceu a 13 de Junho. Como forma de homenagem, Lisboa, em seu nome, organizou, desde esse dia, cerimónias religiosas, como missas e procissões. Mais tarde, a estas celebrações católicas, juntaram-se as cerimónias oficiais da Câmara de Lisboa, com touradas, música e fogo de artíficio. Os bairros lisboetas também não quiseram ficar atrás e, por isso, criaram uma grande festa  popular para encher a cidade de cor. Tudo isto dura até hoje: durante o mês de Junho, Lisboa recorda a vida de um Santo, a história de uma cidade e a energia de um povo. 

E, como se acreditava que Santo António tinha o dom do casamento, à festa juntaram-se ainda as Noivas de Santo António. Por isso é que, em Junho, as famílias com poucos recursos económicos são ainda ajudadas a celebrar os seus casamentos. 

Mas e as marchas populares? E as sardinhas? E os manjericos? Tudo isto tem origem no paganismo, que se misturou, durante muito tempo, com os festejos cristãos. Através deles, os pagãos da cidade celebravam a vida da Primavera e a passagem pelo Solstício de Verão. 

Passe o tempo que passar, a verdade é que, com mais ou menos alterações à tradição, o Santo António continua a ser o ponto alto da vida da cidade de Lisboa. Na noite de 12 para 13 de Junho, Lisboa sai à rua para comer sardinhas e dançar nos arraiais durante toda a noite.

Nestes arraiais, a música popular é a rainha e novos e velhos misturam-se no baile. Se Alfama, a Bica e a Graça são as zonas mais famosas para estas celebrações, este ano, também o Cais do Sodré e Arroios quiseram estar no centro das atenções. No Largo do Corpo Santo, Ágata actua na noite de Santo António e Mónica Sintra no dia 16. Já na Alameda Afonso Henriques, há Quim Barreiros, no dia 22 e Toy, no dia 24. 

E nós, vamos para os "santos"?

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