VIVER EM LONDRES | O que fazer quando chegar

13:14 Joana Santos 2 Comments


Despediste-te da tua família e dos teus amigos, provavelmente sem saberes quando os voltarias a abraçar. Apanhaste um avião com destino ao incerto. Aterraste em Londres. E agora? Agora é só começar. Se não sabes por onde, continua a ler a publicação de hoje. 

1. Descansar e conhecer os cantos à casa
É certo que quando chegamos vimos cheios de vontade de começar, mas a verdade é que, depois de uma mudança tão abrupta, pôr logo mãos à obra nem sempre é a escolha mais acertada. A verdade é que há formas mais equilibradas de "pôr a mão na massa". Por exemplo, conhecer os cantos à casa, que é como quem diz descobrir Londres. Eu cheguei a 30 de Junho e decidi que, até ao dia 6 de Julho, segunda-feira, ia ter bastante calma e aproveitar para "turistar". Lembro-me que durante esses dias fui até ao centro de Londres muitas vezes, fiz o roteiro turístico normal, apanhei o metro vezes e vezes sem conta em várias direcções, ambientei-me aos autocarros diurnos e nocturnos, aproveitei para ler sobre os melhores sítios para morar e fui estudando o mercado de trabalho: devagar. Nestes primeiros dias, devo ter enviado cerca de uma dezena de currículos, pois queria mesmo dar tempo ao tempo e inserir-me devagar no mundo londrino, que, diga-se de passagem, é muito stressante. 



2. Arranjar um número de telemóvel inglês
Esta deve ser a vossa primeira preocupação. Porquê? Vão precisar de um número de telemóvel para quase todos os passos que se seguem: para receberemc otnactos de entrevistas de emprego, para abrirem uma conta no banco, para contactarem o mundo, no fundo. Existem várias redes móveis, que se adequam mais ou menos consoante as vossas necessidades. A EE, a giffgaff e a Three são talvez aquelas mais indicadas para os jovens. Oferecem muitos GB de internet, mensagens grátis e minutos de chamadas gratuitas também. A EE foi a primeira rede que tive, exactamente porque me dava a possibilidade de aceder à internet gratuitamente e também de trocar mensagens sem pagar nada. Mais tarde, mudei para a Three Mobile e fiz um contrato de 12 meses com eles, que me deu acesso a internet e mensagens ilimitadas, chamadas grátis até 125 minutos e ainda à função Stay At Home, que vos permite utilizar o vosso telemóvel em vários países, incluíndo Portugal, como se estivessem no Reino Unido. Isto quer dizer que, quando viajo, raramente pago roaming. Depois existem outras ofertas, como a LycaMobile e a Lebara, que são redes móveis que vos dão a possibilidade de efectuar chamadas para outros países a preços reduzidos. Nunca utilizei estas redes porque sempre me pareceram ter demasiada publicidade duvidosa para imigrantes, que nem sempre se traduz em verdades. 

3. Marcar uma entrevista no JobCentre para pedir o National Insurance Number
What? Falemos em português. Ora, para trabalhar legalmente no Reino Unido é preciso existir um registo nosso. Esse primeiro registo é feito no JobCentre (Centro de Emprego) da vossa área de residência, através de um pedido de National Insurance Number (uma mistura entre um Número de Segurança Social e um Número de Identificação Fiscal). Se vêm para o Reino Unido para trabalhar, esta deve ser a primeira burocracia a tratar. (Se vêm para estudar, o caso é diferente e tratam de tudo junto da vossa Universidade.) Para fazer este pedido, é necessário, primeiro, marcar uma entrevista do JobCentre. Podem consultar os números de telefone para marcação de entrevista aqui. Geralmente, entre a data do pedido de entrevista e a data em que vão, efectivamente à entrevista, passam cerca de três semanas, portanto convém que marquem assim que chegam, para que, quando começarem a trabalhar, já tenham o National Insurance Number em vossa posse. Para a entrevista devem levar o vosso Cartão de Cidadão ou Passaporte e um comprovativo de morada. Se estiverem a viver numa habitação provisória, podem levar uma carta dessa pessoa (de preferência um cidadão britânico ou um portador de National Insurance Number) dizendo que vivem na casa dela e que ela se responsabiliza pela vossa estadia até encontrarem uma habitação própria. Sim, vão fazer-vos várias perguntas, mas o importante é que esteham calmos e confiantes. Ao telefone, perguntam-vos quando chegaram, onde estão a viver e porque é que vieram para o Reino Unido. Na entrevista presencial, voltam a questionar-vos sobre as vossas intenções no país (só têm de dizer que vieram para trabalhar), de onde vieram, com quem vieram, onde vivem, com quem vivem e quando estimam começar a exercer uma actividade profissional (respondam sempre em menos de 90 dias). Eu tive tanta sorte! O senhor que me entrevistou era bastante simpático, viajava frequentemente para Portugal e conhecia imensa gente no país. Tornou-se muito mais fácil e eu fiquei menos nervosa com o questionário. 

ATENÇÃO: No Reino Unido, os nomes dividem-se em First Name, Middle Name e Last Name. O nosso nome, para os britânicos, fica dividido da seguinte forma: 
First Name -  Primeiro Nome Próprio;
Middle Name - Segundo Nome Próprio e Primeiro Apelido;
Last Name - Último Apelido.
Se o vosso nome ficar dividido desta forma na entrevista para obterem o National Insurance Number, mais tarde, em pedidos de crédito, registos para votar, registos de residência ou pedido de carta de condução britância, o vosso nome real (Nomes Próprios e Apelidos) não será o mesmo que irá aparecer nestes outros documentos, o que invalida os mesmos. Portanto, expliquem, na vossa entrevista e sempre que tiverem de dar o vosso nome a uma entidade oficial, que em Portugal, os nossos nomes se dividem em Nomes Próprios (First Name) e Apelidos (Last Name) sempre. Ou seja, se o vosso nome for Maria Antónia Vaz Freitas (um nome que surgiu out of nowhere, portanto Marias Antónias Vaz Freitas, desculpem desde já!) deverão explicar que os vossos First Name são Maria Antónia e que os vossos Last Name são Vaz Freitas, não existindo qualquer Middle Name. Resumidamente, não existem Middle Name em Portugal. Estamos entendidos?



4. Começar a enviar Currículos
A partir do quinto dia da vossa nova vida em Londres e depois de marcada a entrevista para pedido de National Insurance Number, estão oficialmente preparados para começar a enviar currículos. Aqui dei-vos algumas dicas de como prepararem currículos, consoante o tipo de trabalhar que pretendem procurar. Na próxima publicação vou falar-vos detalhadamente acerca da procura de trabalho no Reino Unido e também contar-vos a minha experiência em termos de emprego em Londres. Hoje, retenham apenas que o mais importante é não desistir. Se vieram para Londres à procura de um trabalho como designer gráfico, por exemplo, dediquem-se à procura desse mesmo trabalho, mas, se o dinheiro estiver contado, não se fiquem por aí. Enviem currículos para outro tipo de trabalho, como em lojas ou restaurantes. Embora não seja o vosso sonho, a realidade é que Londres é uma cidade cara e vocês vão precisar de dinheiro ao final do mês, para alugar a vossa própria casa ou quarto. Mas também é verdade que em Londres a mudança é uma palavra constante na vossa vida e, se hoje são customer service advisors, não quer dizer que amanhã não serão graphic designers. Aqui apenas não vale parar. É mais importante para um recrutador ver que vocês não desistiram nem baixaram os braços do que perceber que estiveram apenas à espera do vosso trabalho de sonho. 

5. Inscrever no Consulado Geral de Portugal em Londres
Okay, isto veio com a experiência e não foi algo que fiz assim que cheguei. Mas é por isso que aqui estou: a ajudar-vos para que não comentam os mesmos erros que eu cometi. é importante haver um registo de todos os portugueses que vivem fora de Portugal, para que possa ser prestado um melhor auxílio aos mesmos em caso de necessidade. E esse auxílio só é prestado se as entidades portuguesas responsáveis souberem que vocês vivem em determinada parte. Portanto, tratem de tudo, mesmo que hoje vos pareça pouco relevante para que, quando um dia precisarem, possam pedir ajuda rapidamente. A vossa inscrição pode ser feita pelo correio, sem que precisem de se deslocar ao posto consular. Vejam mais informações aqui

6. Abrir uma conta no banco
Esta vai ser provavelmente a maior aventura de todas. É preciso ter conta no banco para começar a trabalhar e conseguir arrendar uma casa. É preciso ter um comprovativo de morada para abrir conta em alguns bancos e, muitas vezes, é preciso trabalhar para que a abertura da vossa conta seja um processo rápido e sem grandes questões. Ora, tendo em conta a minha experiência, abrir uma conta no banco depende muito da pessoa que vos atender quando visitarem os balcões bancários. A minha primeira conta foi aberta sem qualquer problema e sem grandes questões, a segunda conta demorou várias semanas a ser aberta, porque de cada vez que visitava um balcão do banco ou estavam de agenda cheia ou eram extremamente desagradáveis comigo e eu desistia ao fim de cinco minutos de conversa. Existem várias opções: o Barclays, o Santader, o NatWest, o HSBC, o Lloyds Bank e mais uns quantos. Quando cheguei, visitei o Barcalys, porque conhecia o nome de Portugal. Atendeu-me uma senhora, visivelmente chateada por estar a trabalhar naquele dia, que me disse que sem casa alugada em meu nome não me abria a conta. Saí desanimada. Visitei o HSBC e o NatWest de seguida e obtive a mesma resposta. Uns dias mais tarde, ainda sem conta no banco, falei com uma amiga portuguesa que veio estudar para Londres e ela contou-me que tinha passado pelo mesmo e que a saga só terminou quando visitou o Lloyds Bank. Peguei no meu Passaporte e fui até aos balcões desse banco no Centro Comercial Westfield, em Stratford, os mesmos que a minha amiga tinha utilizado. Na maior paz, uma senhora super simpática atendeu-me, disse-me que não havia problema nenhum, que me podia abrir a conta apenas com o Passaporte e a carta de confirmação de que tinha pedido o National Insurance Number e marcou-me uma entrevista no Lloyds Bank de Bank (Bank é uma das muitas "freguesias" de Londres) para dali a dois dias. Na data marcada, fui a uma entrevista com uma outra senhora simpática, que, em uma hora, tornou realidade a minha vontade de abrir uma conta bancária neste país. Et voilá, na data em comecei a trabalhar tinha já comigo o meu cartão do Lloyds Bank. Até hoje, nunca me arrependi desta escolha. O Lloyds Bank é, sem dúvida, o melhor banco que podia ter escolhido. É simples resolver tudo e quase nunca preciso de ir aos balcões do banco, uma vez que existe uma aplicação para o telemóvel MEGA FIXE, que nos permite fazer (quase) tudo online, como abrir contas poupança, por exemplo.



Depois de cumpridos estes passos, podem respirar de alívio pois já ultrapassaram a fase das burocracias. A partir de agora, é só começar a trabalhar e encontrar uma casa à vossa medida. Nos próximos dias, falo-vos sobre isso e dou-vos mais dicas para que a vossa transição seja a melhor possível.

Com amor, 
Joana

PS.: Obrigada pelos vossos comentários e mensagens sempre tão encorajadores. Peço desculpa por não vos conseguir responder individualmente nem visitar os vossos blogues, mas até que esteja concluído o meu regresso a Portugal todos os meus segundos andam bastante contados. Mas quero que saibam que vos agradeço, do fundo do coração, por estarem desse lado! :)

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2 comentários:

  1. Torna-se tudo bem mais fácil quando temos alguém a partilhar tantas dicas e informações. Estás a fazer um trabalho excecional, minha querida, e acredito mesmo que estejas a ajudar muitas pessoas!

    Beijinhos*

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  2. Dicas extremamente importantes... e vou já tratar da inscrição no consulado. Btw não consegui marcar para renovar o passaporte no Consulado e fiz quando fui a Portugal :s tive 2 semanas a ir às 16h para ver se tinha appointments e nada... não tive sorte com certeza.

    Beijinhos,
    O meu reino da noite ~ facebook ~ bloglovin'

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