Let's go ice skating

17:10 Joana Santos 7 Comments

É difícil passar um dia em Londres sem nada para fazer: há sempre um parque para visitar, uma feira nova onde comer, uma loja diferente a abrir, uma exposição de arte, conversas com autores em livrarias, e por aí em diante. O ano todo, seja dia de semana ou feriado, as agendas enchem-se de planos. É um dos principais motivos para eu gostar tanto de Londres: poder ter sempre mil e um eventos para escolher. No entanto, a minha altura preferida, como já vos contei, é, sem dúvida, a altura do Natal. A cidade começa a vestir-se de vermelho, verde e dourado no início de Novembro. As ruas enchem-se de pessoas em busca do presente perfeito. Há mais turistas nesta altura do ano do que em qualquer outra. Há bancas de vinho quente em qualquer lugar. Há a Winter Wonderland, uma feira de diversões bem no coração de Londres, no famoso Hyde Park. E há mil lugares onde é possível patinar no gelo. Sim, exactamente: há uma pista de gelo em qualquer esquina. Este ano, eu e o Gui fomos patinar para a pista da Somerset House, um centro cultural, onde, no resto do ano, fazem exposições, concertos e sessões de cinema. 



Sem dúvida que, de todas as pistas de gelo que já vi, esta é a mais bonita: fica naquilo que é um género de claustro do centro cultural, rodeada por arcadas de pedra. Aquilo que a torna mais especial, para além do imponente edifício que a envolve, é o ambiente: a árvore de Natal gigante, o bar onde podemos consumir todas as bebidas quentinhas que nos apetecerem, a música natalícia e animada e as luzes que, enquanto patinamos, vão mudando de cores e desenhando flocos de neve pelo gelo. Obviamente que esta pista de gelo entrou logo para o número um do meu TOP de pistas de gelo, mas há outras que não só eu gostava de experimentar ainda este ano como vocês deviam experimentar também!



Hampton Court Palace Ice Rink

Diz quem já lá foi que o Hampton Court Palace é um lugar inesquecível. Especialmente quando a neve cai e os campos que o envolvem se tornam completamente brancos. Acredito que patinar no gelo lá rodeada de neve seria mais do que mágico. É, sem dúvida, um sítio a colocar na lista. 

Canary Wharf Ice Rink

Canary Wharf é uma zona de Londres lindíssima: há bastantes empresas bem conhecidas que têm os seus escritórios lá, como a Reuters ou a IBM, e a correria daqueles que lá trabalham mistura-se com a calma do rio que passa ali mesmo ao pé. Os prédios enormes e espelhados escondem jardins e praças que, no verão, se enchem de famílias e amigos que fazem piqueniques. No inverno, esses mesmos jardins enchem-se de cor e trazem a magia do Natal, com feiras de produtos artesanais e, claro, a pista de gelo. Este ano o tema da festa é "Luz", o que encaixa na perfeição com o local. Há um bar, que também serve comida, junto à pista de gelo, e, por isso, é o sítio ideal para patinar e jantar de seguida. 

Natural History Museum Ice Rink

O Museu de História Natural é, provavelmente, o museu mais visitado por famílias em Londres. É a casa da famosa exposição de dinossauros e de muitas outras que nos fazem querer ficar por lá um dia inteiro, a descobrir factos interessantes sobre a história do nosso mundo. Cientes de que fazem as delícias de miúdos e graúdos, os responsáveis pelo museu constroem todos os anos uma pista de gelo gigante, decoram-na e às árvores em volta com as conhecidas fairy lights, as luzinhas brancas da árvore de Natal, e deixam que a magia do museu se estenda aos jardins que o envolvem.

Hyde Park Winter Wonderland

A Winter Wonderland, a feira de carrocéis de que falei ali em cima, já é mágica por si só. Há diversões para todas as idades e para todos os gostos: montanhas russas, baloiços, barquinhos, casas de terror... Para além disso, há uma verdadeira panóplia de bancas de comida, essencialmente comida alemã, como cachorros quentes. Lá podemos encontrar também muitas ideias de prendas de Natal: prendas feitas à mão, por artesãos muito criativos. É verdade que há filas e filas e filas de gente para andar em todos os carrocéis e que, especialmente aos fins de semana, é quase impossível andar um metro em menos de dez minutos. Mas vale bem a pena visitar o Hyde Park nesta altura do ano para sentir o verdadeiro espírito natalício londrino. Por isso, acredito bem que patinar neste lugar deve ser igualmente maravilhoso! 



Eu e o Gui divertimo-nos imenso a patinar e, por isso, já estamos a pensar em combinar a próxima visita a uma pista de gelo. Até estamos a pensar em subsitutir o ginásio por este novo desporto.

E vocês, já andaram de patins no gelo este ano? 

Com amor,
Joana


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Um amor chamado chá

22:16 Joana Santos 4 Comments

Uma das memórias mais antigas que tenho é a de estar na casa da minha bisavó, mãe da minha avó materna, num fim de tarde qualquer, provavelmente, à espera de que a minha avó me fosse buscar para jantar. Enquanto esperava, fiz aquilo que outras tantas vezes já tinha feito: remexi em todas as gavetas da minha bisavó. Esse ataque de cusquice levou-me até umas ervinhas que estavam dentro de um saco e eu, curiosa, quis perceber o que era. A minha bisavó ferveu água e juntou as ervinhas. Minutos depois, deitou o conteúdo para dentro de uma chávena e disse-me (ainda consigo ouvir a voz dela): "É chá de príncipe.". Eu, sonhadora e sempre a inventar histórias na minha cabeça, devo ter pensado que aquele chá — de príncipe — me iria levar para o mundo encantado das histórias que acabam sempre em "Viveram felizes para sempre.". Este momento é o primeiro da minha vida em que me lembro de ter provado chá.
Depois disso, e por ter uma mãe que gosta de ter sempre saquinhos de chá em casa, nunca mais parei de o beber. Nos últimos anos, com a mudança para o Reino Unido, beber chá tornou-se uma prática ainda mais comum, pois aqui há chás de todos os sabores e cores por onde quer que passemos. Bebo quando acordo, depois do jantar, antes de adormecer e nas pausas do trabalho.


Olho para o chá como um conforto — algo que me acalma. Nos dias mais frios, levo-o num termo e aproveito a sua companhia. Nos dias mais quentes, adoro-o gelado, para me refrescar dos pés à cabeça. Recentemente, tomei a decisão de deixar o café e, por isso, o chá tem sido ainda mais um amigo a manter por perto.
E é por ter este amor (quase vício) pelo chá que me juntei a um grupo do Facebook, criado pela Mariana, do blogue Chá & Girassóis, chamado Uma Xícara de Chá. Gosto de lá estar e gosto daquelas pessoas, mesmo sem as conhecer, porque partilhamos o gosto pela mesma coisa, encaramo-la da mesma maneira e em conjunto aprendemos todos um pouco mais. Ter passado a pertencer a este grupo fez com que os meus olhos passassem a olhar para o chá com ainda mais gosto e a querer experimentar cada vez mais este mundo.


Por causa do chá, ja descobri mil e uma casas de chá lindas de morrer, tanto pelo Reino Unido como por Portugal, já provei um típico chá das cinco em Cambridge e já conheci muitas pessoas com o mesmo vício, como o senhor que, uma vez, no Campo Pequeno, me ofereceu um saquinho de chá do Jardim da Boa Palavra, ervas biológicas que vêm acompanhadas de poemas.
Os chás que me acompanham os dias, neste momento, são os da Pukka, especiamente os de limão e gengibre. O chá de boa digestão da mesma marca também me tem ajudado muito depois de refeições pesadas e o de equinácea e frutos do bosque protege o meu sistema imunitário.
Ontem, fui a um lugar a que já queria ir há muito tempo: o museu de chá da Twinings, a famosa marca de chá inglesa. E sabem o que é que eu descobri? Que o chá foi trazido para este país por Catarina de Bragança, a mulher do nosso Rei Carlos II. Exactamente, hoje, os ingleses não sobrevivem sem chá por causa dos portugueses! O museu conta a história de como o chá passou a ser presença obrigatória em qualquer evento social brintânico e lá podemos encontrar muitas fotografias e textos da época que exemplificam isso mesmo. Para além disso, as paredes estão cobertas de centenas de embalagens de chá, que podemos comprar e levar connosco para casa, e de muitos utensílios para desfrutar de uma boa chávena de chá da melhor maneira. É difícil não querer trazer tudo para casa. Não aconteceu, mas, pelo menos, tirei umas belas ideias para prendas de Natal.
Entretanto, enquanto não me volto a encontrar com lugares e pessoas que tal como eu vêem o chá como muito mais do que uma bebida, deixo-me ficar aqui, enrolada na manta, a deliciar-me com o cheiro e o sabor destas ervas até adormecer. Talvez até esteja a descobrir a minha nova favorita de meditar...


Com amor, 

Joana

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Stonehenge & Bath

16:08 Joana Santos 9 Comments

No fim de semana passado, recebi uma visita muito especial: a minha mãe esteve em Londres! Passámos quatro dias a passear por todo o lado, jantámos fora, fomos às compras, conversámos muito... A minha mãe já cá tinha estado em Dezembro do ano passado, mas, nessa altura, ficámo-nos apenas por Londres. Desta vez, tendo em conta que ela já conhece os pontos principais da cidade, resolvemos mostrar-lhe um bocadinho mais de Inglaterra. Eu e o Gui fizemos-lhe uma surpresa e levámo-la numa excursão. Os destinos foram Stonehenge e Bath. Enquanto que o primeiro local é conhecido de muitas pessoas, porque se fazem imensos filmes, documentários e reportagens sobre ele, o segundo já é menos popular e turístico. A excursão oferecia uma visita de um dia. Arranjámos os bilhetes na Groupon, com bastante antecedência, e ficou bastante em conta. Confesso que estava um bocadinho preocupada: em Portugal, há muito a ideia de que as excursões implicam sempre que haja um homem de bigode a tentar vender-nos uma cesta de enchidos e também que o público alvo são reformados, por isso, tinha receio de que aqui fosse igual. Mas, não! A excursão era bastante diversificada: havia tanto turistas como locais, e a própria organização tinha consciência disso. Durante a viagem, foram-nos contacto pequenos detalhes, factos históricos e curiosidades dos locais por onde íamos passando, enquanto faziam sugestões de possíveis locais de intneresse. O primeiro ponto de paragem foi em Stonehenge e, depois, partimos para Bath, onde ficámos grande parte da tarde. 

#1 Stonehenge

É impossível não terem visto, pelo menos uma vez na vida, esta estrutura. Era um lugar que eu queria já há bastante tempo visitar, desde que, algures na televisão portuguesa, vi uma reportagem sobre os festejos dos solstícios que acontecem aqui. Esta estrutura é constituída por pedras que medem mais de cinco metro de altura e podem pesar mais de cinquenta toneladas e tem sido um mistério para arqueólogos, historiadores e para a população no geral. A opinião mais defendida é a de que o monumento foi construído como santuário para culto ao Sol e à Lua, ou seja, com uma finalidade religiosa. No entanto, como nos foi explicado durante a visita, o lugar sofreu bastantes alterações com o tempo e com a chegada de diferentes povos à região. Houve quem utilizasse o lugar como cemitério e é por isso que, ainda hoje, se podem ver montes de terra e erva, que era utilizados como valas para os corpos. As pedras estão colocadas em círculo de uma forma tão matemática que, na altura do Solstício de Inverno e de Verão, o sol fica excatamente alinhado com elas. Hoje em dia, Stonehenge é parte da English Heitage e da National Trust e, portanto, são estas associações que tomam conta do lugar. Confesso que adorei! Foi tão engraçado estar junto a um dos monumentos que mais questões levanta, que mais dúvidas coloca e que mais interesse histórico desperta. A visita em cima não demora muito tempo: em cerca de quarenta minutos, é possível percorrer o círculo, ler as placas com informação e ainda aproveitar para tirar fotografias. 




#2 Bath

Não sabia onde ficava Bath nem o que havia lá para ver, à excepção dos antigos banhos romanos. Não sei se foi a inexistência de expectativas, mas, assim que pus o pé fora do autocarro, apaixonei-me pela cidade. Parece que entrámos numa máquina do tempo e fomos transportandos para outro século. A cidade é muito medieval, cheia de construções da época romana, e é algo que nunca pensei que fosse encontrar em Londres. Primeiro, fica num vale: a chegada à cidade é encantadora, vemos as monstanhas muito verdes e um povoado, atravessado por um rio, lá ao fundo. Depois, é única em todos os sentidos: não só pelo tipo de construção, mas também pelo comércio e pelas curiosidades. Pelo caminho, encontrámos uma loja chamada 25th of December, cheia de decorações de Natal e outra com decorações feitas apenas de frutos secos. E sabiam que o prédio mais antigo de Inglaterra ainda habitado fica em Bath? Nesse prédio, que hoje é um restaurante, serve-se comida em pratos feitos de pão. A fila para este restaurante é gigante, por isso não consegui experimentá-lo, mas pode ser que o dia volte! Para além dos spas e banhos da época romana, podem ver uma ponte que liga os dois lados da cidade e uma catedral gigante. Confesso que gostava de ter lá ficado mais umas horas, porque ainda ficou muito por ver e viver, mas o tempo que lá estive foi suficiente para perceber que não me importava nada de me mudar para lá! 






Com amor,
Joana

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Me, him and our gingerbread cookies

15:12 Joana Santos 4 Comments

Tal como vos contei aqui, eu e o Gui temos andado a experimentar fazer coisas que nunca tínhamos feito antes. Coisas simples, que nos permitam sair da rotina em qualquer dia da semana, e não apenas durante o fim de semana. A primeira actividade que riscámos da lista foi fazer um bolo. Saímo-nos tão bem que decidímos continuar pela cozinha. Ontem, aproveitando o espírito natalício desta cidade, fomos comprar ingredientes para fazer bolachinhas de canela e gengibre, aquilo a que, neste país, se chama gingerbread cookies



No início, quando comçámos a misturar os ingredientes, estava um bocadinho desmotivada (tenho andado muito cansada, ultimamente). Achei que ia ser demasiado difícil conseguir a consistência certa bem como separar a massa em bolachas. Na verdade, como não temos um medidor e uma balança, era mesmo isso que estava a acontecer: colocámos demasiada farinha e depois tivemos de compensar colocando mais ovos. Mas, quando chegou à parte de amassar, fiquei super entusiasmada. Parecia uma criança a brincar com areia da praia pela primeira vez. É estranho, mas é super divertido. No final, antes de colocarmos as nossas bolachas de gengibre no forno, reparámos que tínhamos a cozinha completamente virada do avesso. Não importou: rimo-nos tanto a amassar que não nos custou nada limpar a seguir. O processo todo revelou-se bastante fácil: é só mesmo misturar farinha, ovos, canela, gengibre, açúcar, mel, manteiga e ovos, amassar, estender a massa e, depois, utilizando formas para bolachas, construir os nossos bonequinhos. Nós fizémos estrelas, árvores de Natal, bonecos, Pais Natal e sinos. Depois, quando as bolachas ficaram prontas, foi só decorá-las com writing icing (não sei o nome em português!). Este foi o resultado final:



Com amor, 
Joana

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Wanderlust wishes

15:55 Joana Santos 2 Comments

Mudei-me para Londres em Junho de 2015. Passei um ano inteiro deliciada com esta cidade: conheci os seus cantos e recantos e ainda me falta riscar tanto desta lista interminável. Quase que me esqueci, durante este tempo, que Londres é só uma pequena parte deste reino tão grande. Mas, felizmente, o Gui é tão maluco por descobrir novos lugares quanto eu e, juntos, temos viajado para mil e um lugares igualmente (se não mais) maravilhosos. Em meio ano, visitámos Plymouth, Cambridge, Brighton, Bath, Stonehenge, Birmingham, Edimburgo, Glasgow e Cardiff. De autocarro (às vezes, em viagens que duram mais de 10 horas) ou de comboio e de mochila às costas, subimos montanhas, entrámos à socapa (e sem saber) em jardins de estranhos, andámos de gôndola, vimos cenários e filme e guardámos muitas recordações na nossa caixinha. Destes lugares, vou falar-vos um por um. A seu tempo. Com muitas fotografias e histórias engraçadas pelo meio. Hoje, quero antes contar-vos quais são os lugares que ainda queremos visitar. Esta é, então, a wishlist de viagens pelo Reino Unido

#1 Lake District

Imagem retirada da Internet
As imagens falam por si, certo? Não é preciso grandes justificações para colocar este lugar na minha lista. Tal como o nome indica, esta zona é rica em lagos que são verdadeiros espelhos de água. O lugar é constituído por um Parque Nacional gigantesco onde encontramos a maior montanha inglesa: Scafell Pike. É conhecida especialmente entre os amantes de escalada, mas qualquer pessoa se pode aventurar por lá. O parque faz parte da National Trust, de que já vos falei aqui. Ainda não sei quando vai surgir a oportunidade de ir até ao Lake District, mas está sem dúvida no topo das minhas próximas escolhas.  

#2 Falmouth

Imagem retirada da Internet

Já tive a oportunidade de conhecer parte da Cornualha quando viajei para Plymouth. Fiquei apaixonada. Sempre vivi perto do mar, em Portugal, e, por isso, é das coisas de que mais sinto saudades em Londres. Mas a Cornualha tem uma zona costeira de meter inveja a muitas praias portuguesas (embora não lhes passe à frente, descansem).  Por isso, quando soube que a Megabus tinha aberto uma rota de autocarros para as Falmouth fiquei super feliz. A viagem é longa, mas tenho a certeza de que valerá a pena. 

#3 Kent


Kent não fica muito longe de Londres, por isso facilmente chego lá. O local é conhecimento como O Jardim de Inglaterra e, portanto, só pelo nome podemos ver que é bastante apetecível. Gostava de visitar um bocadinho de toda a região, mas aquilo que não pode mesmo faltar são os White Cliffs of Dover. Deste lugar dá para avistar França em, para além disso, olhar para as rochas brancas e para o mar tão azul é como se estivessemos a apreciar uma verdadeira pintura ou um daqueles postais que nos enviam do outro lado do mundo e nos cortam a respiração.

Há muitos outros lugares que gostava de visitar, como Stratford Upon Avon, o Loch Ness ou Swansea, mas este é o meu TOP 3, sem dúvida.

E vocês, já visitaram algum destes lugares? Que sítios gostavam de visitar no Reino Unido?

Com amor, 
Joana

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Remember, remember... The 5th of November!

14:39 Joana Santos 6 Comments



(Esta publicação contém excertos e passagens de um texto que publiquei no ano passado no website Travel&Taste.)
V for Vendetta. Sabem, aquele filme com a maravilhosa Natalie Portman? Claro que sabem. O filme já passou dezenas de vezes na televisão e continua a ser um verdadeiro sucesso, mesmo depois de tantos anos que já se passaram desde a sua estreia. Ora, o que se calhar vocês não sabem é que este filme conta uma história verídica, passada no Reino Unido, no ano de 1605. Foi neste ano que um grupo de católicos, liderado por Robert Catesby, planeou um ataque minucioso ao Rei Jaime VI da Escócia. Este ataque, que ficou conhecido como a Conspiração da Pólvora, consistia em fazer explodir a Câmara dos Lordes, durante a abertura do parlamento. Quando? No dia 5 de novembro. O objetivo final era matar o rei protestante, já que este privilegiava aqueles que partilhavam com ele a mesma religião, em detrimento dos católicos. O ataque começou a ser planeado em março: um perito em explosivos, Guy Fawkes, preencheu toda a zona subterrânea abaixo do parlamento com 36 barris de pólvora, contendo 1800 libras de material explosivo. Tinha tudo para dar certo. No entanto, algo falhou. O grupo de conspiradores, temendo a morte de outros católicos, enviou avisos aos religiosos para se manterem afastados do parlamento no dia previsto para a explosão, mas um desses avisos chegou aos ouvidos do rei. Assim, seguranças foram enviados até aos túneis subterrâneos e os explosivos foram descobertos e desativados. Os traidores foram torturados e mantidos presos. Desta feita, o parlamento inglês sobreviveu até aos dias que correm e, ainda hoje, a Rainha, para que não se esqueça o simbolismo deste acontecimento, desce até aos mesmos túneis em novembro. Contudo, não é só a Rainha que nesta cerimónia recorda a Conspiração da Pólvora. Pelo Reino Unido, durante a primeira semana de Novembro, os céus enchem-se de fogo de artíficio. Os festejos começam na Bonfire Night (Noite da Fogueira). Por todo o reino, milhares de pessoas juntam-se nas casas, nos parques, nos jardins e à beira do Tamisa para lançarem foguetes ou reúnem-se em volta de fogueiras. Todos estes símbolos pretendem relembrar o fogo que se ia devastar Londres se o atentado não tivesse sido impedido.  No ano passado, presenciei, pela primeira vez, estes espectáculos pirotécnicos. Na altura, estava a trabalhar numa loja e o meu dia de trabalho começava às 6 horas da manhã, pelo que não me foi possível festejar este dia fora de casa. Vi o fogo de artíficio da janela do meu quarto, deitada na minha cama. Nesse dia, prometi a mim mesma que, dali a um ano, estaria a apreciar os céus ingleses em primeiro plano, numa das festas mais famosas da cidade - a que acontece em Alexandra Palace, em Londres. E assim foi. Este ano, estive lá, na colina mais alta do parque, que permite ver a maravilhosa cidade iluminadaOs festejos começaram por volta das 15 horas, com uma feira de carrosséis para pequenos e graúdos, e prosseguiram durante toda a tarde. Houve um festival de comida de rua, de cerveja alemã e ainda um laser show.  Quando a noite caiu, houve uma parada alusiva ao Dia de Los Muertos e acedeu-se a fogueira. Às 20 horas o espetáculo pirotécnico começou e só por volta das 22h é que o barulho dos foguetes cessou. Esta um frio de rachar. As minhas mãos estavam congeladas. Mas valeu a pena. A festa foi linda. Eu gosto de espectáculos pirotécnicos desde que me lembro e este foi um dos mais bonitos que já presenciei. Por isso, já sabem... Se para o ano estiverem por Londres no dia 5 de Novembro, não deixem de visitar Alexandra Palace e deliciarem-se com as cores e luzes que enchem os céus londrinos. 


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Londoners Portugueses precisam-se

13:38 Joana Santos 3 Comments

Escrevi, há tempos, que adoro começos. Adoro planear inícios. Adoro aprender como levar algo a algum lugar. Gosto mais de começos do que conclusões, mesmo que as conclusões sejam as mais positvas. Por essa razão, quando me desafiam a iniciar um projecto novo, nem penso duas vezses. Foi isso mesmo que aconteceu quando voltei ao mundo dos blogues e encontrei a C., do blogue O meu reino da noite. Ora, a C. vive no Reino Unido, tal como eu. A C. adora viajar, conhecer e descobrir novos lugares, tal como eu. A C., tal como eu e qualquer pessoa com uma casa no Reino Unido, está sempre a receber amigos e familiares e a fazer-lhes visitar guiadas por este belo país. Pois está claro que daqui só podia sair algo bom. Falámos, por e-mail, de uma possível colaboração entre as duas que juntasse as nossas aventuras neste país com aquilo que já aprendemos sobre ele e que se concretizasse em usar esse conhecimento e as nossas histórias para ajudar quem aqui quisesse viver, passear e descobrir, tal como nós o fazemos diariamente. Nós já temos uma lista enorme de ideias, mas ainda é tudo muito recente e precisa de um plano. Para isso, precisamos de mais londoners portugueses que estejam interessados em ajudar-nos e participar neste projecto, que se traduzirá na criação de um blogue com várias rubricas sobre a cidade. Assim, quem estiver interessado ou conheça alguém que possa estar, ou até mesmo quem não queira participar mas tenha ideias, deverá enviar um e-mail para onbeingjoana@gmail.com, indicando isso mesmo. Vou ficar à espera desses e-mails cheios de vontade de ajudar! 

Hammersmith, London




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Love is always the answer

16:21 Joana Santos 5 Comments

Novembro ainda só vai no seu nono dia e parece já ter bastante para contar. Hoje, acordámos num mundo completamente diferente daquele em que adormecemos ontem. Hoje, acordámos com o medo no coração, com o choque estampado no rosto, com a incerteza do que aí vem a inundar-nos o cérebro. Hoje, acordámos com a notícia de que Donald Trump foi eleito Presidente dos Estados Unidos da América
Há 27 anos, caía o Muro de Berlim. Caía o símbolo do ódio que separou uma nação, que matou, que humilhou. Caía a parede de betão construída por um homem com sede de poder e conquistava-se a liberdade. Celebrava-se o amor, a paz, a compaixão entre seres humanos iguais que tinham sido obrigados a esquecer-se desse facto. 
Irónico que, no dia em que devíamos recordar-nos desse tão belo acontecimento, tenhamos sido obrigados a considerar a possibilidade de voltarmos a viver num mundo em que a liberdade de acção, de pensamento e de expressão não fazem parte dos direitos fundamentais de cada pessoa. Tudo porque nos esquecemos muito facilmente da História. Adormecemos nas aulas, porque achamos aborrecido, inútil, passado. E depois cometemos estes erros. Acreditamos em alguém vazio de sentido, que joga com as nossas emoções, com a nossa falta de memória. Acreditamos em alguém que nos promete a resolução imediata dos nossos problemas utilizando um discurso simplista e básico, sem nos preocuparmos em ler nas entrelinhas. Ignoramos o discurso racista. Ignoramos o discurso sexista. Ignoramos o ódio no coração. Ignoramos a falta de sentido, de provas, de noção. Confiamos cegamente porque temos medo. E vamos atrás sem ouvir aquilo que realmente nos está a ser dito.
Hoje, recordaram-se esses discursos e essas promessas, como a de construir um muro de betão, igual ao outro, aquele que caía há 27 anos atrás. Hoje, recuou-se no tempo e questionou-se o mundo. Hoje, escreveu-se História. Resta esperar que os nossos piores pesadelos não se tornem realidade. Resta esperar que este seja apenas um curto e inofensivo capítulo dos livros da escola dos nossos filhos, mas que os ajude a perceber que o ódio não é a resposta para o medo. O amor é a resposta. O amor é sempre a resposta certa. 


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Favoritos de Outubro

22:25 Joana Santos 7 Comments

(Uma publicação um bocadinho atrasada.)

Outubro chegou ao fim. Este foi um mês que trouxe tanta coisa boa consigo: os dias frios, os parques cheios de folhas, as tardes no sofá a ver filmes, o cheiro a Natal, o Halloween, as visitas de amigos, a vontade de partilhar convosco as minhas histórias aqui no blogue e, claro, a vossa companhia também... Assim, para o terminar da melhor forma, decidi partilhar convosco os meus destaques deste mês.

PALAVRA DO MÊS

Outono. Sem sombra de dúvida. Como contei aqui, esta é a minha estação do ano preferida. Por todas as razões que já mencionei neste blogue (o frio, as folhas, as cores, o chá...) e por outras, como o facto de me sentir mais produtiva durante estes meses ou o facto de poder, finalmente, tirar do armário todas aquelas camisolas quentinhas e fofinhas. Esta deve ter sido a palavra que disse mais vezes e aquela que fez parte dos temas de conversa por aqui a toda a hora. E, claro, a palavra Outono engloba toda outra imensidão de palavras para mim: natureza, paz, harmonia, liberdade. Eu, tal como uma árvore que se vê sem as suas folhas nesta altura, sinto que me vejo livre de tudo aquilo que fui acumulando todo o ano e que já não me serve: é tempo de reescrever o plano e começar de novo. Por isso, não haveria melhor palavra para descrever Outubro.

PLAYLIST DO MÊS


Esta. É uma das playlists que tenho há mais tempo no Spotify e é certo que já merece alguma actualização. No entanto, é das playlists que mais companhia me faz, nos dias em que preciso de aquecer o coração. É ela que me tem acompanhado durante todo o mês, seja nas viagens de metro a caminho do trabalho, seja quando chego a casa e preciso de descansar. Aqui há Birdy, Iron&Wine, Cat Power, London Gramar, Bryde, Kaleida e uma imensidão de muitos outros nomes: músicas com toques muito calmos, talvez até um pouco tristes, mais recentes e mais antigas, que me fazem sempre viajar com elas.

BLOGUE DO MÊS

eu, ele, a maria, o miguel e a ana. Este é um blogue que acompanho há muito, muito tempo. Ainda desde os meus primeiros tempos de faculdade. Desde aí que adoro ver as fotografias maravilhosas desta mãe, que contam histórias tão simples mas ao mesmo tempo tão cheias de amor dos seus pequeninos. Um dia, quando tabalhava numa loja bem no centro de Lisboa, tive a oportunidade de os conhecer: que família linda, tão pura. Recentemente, a bebé Ana, ou Anita, como os irmãos mais velhos gostam de lhe chamar, juntou-se à família e eu tenho andando deliciada com as histórias maravilhosas da bebé e derreto-me com os laços tão fortes que já existem entre ela, a Maria e o Miguel. 

INSTAGRAM DO MÊS

O que a minha Diana vê. A minha melhor amiga tem uma Diana F Plus, que é como quem diz uma câmara lomográfica. A Diana anda com ela para todo o lado: sempre ao pescoço. A Diana já viajou connosco para o Baleal, para Peniche, conheceu Lisboa de uma ponta à outra, já foi a Barcelona e já esteve em Londres. Tirou fotos que transparecem amor, parou o tempo para sempre e contou histórias do mundo inteiro. Agora, a Diana tem um Instagram. E eu tenho estado muito atenta a ele: às vezes, ele é a maneira que encontro de me sentir um bocadinho mais perto de casa.



LIVRO DO MÊS

A Rapariga no Comboio, da sul-africana Paula Hawkins. Encontrei este livro numa estação de metro, quando ia a caminho do casa. Reparei que a capa tinha sido arrancada e que a maior parte das folhas estavam soltas, mas nunca se abandona um livro, por isso trouxe-o comigo. Comecei a lê-lo assim que entrei dentro da carruagem habitual. Até chegar a casa e ser obrigada a dedicar-me às tarefas domésticas, não consegui largar o livro. E tem sido assim nos últimos tempos: o livro tem-me feito companhia em muitas viagens e está a tornar-se um pequeno vício. Ainda não o acabei, mas a história já me prendeu completamente.

LEITURA DO MÊS

Este artigo, escrito por Marta Cunha Grilo. A Marta partilhou os corredores da Escola Superior de Comunicação Social comigo. Tirando algumas conversas esporádicas, nunca falámos muito. Tenho pena: tenho a certeza de que a Marta teria alimentado o meu bichinho das viagens e tenho ainda mais certezas de que a Marta é uma pessoa inspiradora, com uma força de vontade incrível. Apesar de já ter feito algumas viagens e de ter uma bucketlist gigantesca que tenho a certeza de que um dia vou conseguir pôr a limpo, recusei muitas oportunidades de conhecer o mundo: abandonei a ideia de participar no programa Erasmus, coloquei muitos outros planos à frente do meu sonho de fazer um Interail e arranjei mil e uma desculpas para não ser bem sucedida num mochilão pela América Central. Finalmente, este ano consegui pôr as viagens na minha lista de prioridades e coloquei uma bandeirinha na Holanda, na Hungria, na Escócia, no País de Gales e em muitas terras de Inglaterra. Depois de ler este artigo, tive a certeza de que o próximo ano vai trazer muitos outros dias a descobrir o mundo: não vale a pena ter medo, é só mesmo fazer as malas e partir.


COMPRA DO MÊS

Um gorro com orelhas de gato. Não há dúvida nenhuma de que esta foi a grande compra do mês. Vá, nem foi bem uma compra. Foi mais um presente de uma amiga que me veio visitar a Londres e que me obrigou a aceitar o gorro. No início, não me agradou a ideia. Cresci a ouvir dizer que os gorros me ficam mal. Mas a Sara lá me conseguiu convencer e agora não sobrevivo sem ele. Obrigada, Sara, por me salvares das manhãs, tardes e noites geladas!


VÍCIO DO MÊS

Há tanta coisa boa com que andei viciada durante todo o mês de Outubro: desde comer bolachas de aveia a ver How I Met Your Mother sem parar. Mas há algo que se destaca de entre todos os vícios: o chá. Especialmente os chás da Pukka. Neste momento, há, dentro do meu armário, seis variedades de chá diferente. Mas, durante o mês de Outubro, eram cerca de dez caixas de todas as cores, com chás deliciosos. Misturas de gengibre e limão, camomila e mel, hibisco ou menta. Havia para todos os gostos e apetites. Mas as caixas de chá não se ficavam só por causa: no trabalho havia mais e, em cima da minha secretária, uma chávena cheia e fumegante fazia-me companhia a qualquer hora. Tenho desculpa: estão dois graus centígrados na rua. Preciso de sobreviver.

INSPIRAÇÃO DO MÊS

O projecto Tatuar Sorrisos. Porque todos nós temos aquele dia em que precisamos de ouvir algo que nos reconforte, que nos faça acreditar em nós, que faça florescer um sorriso nos nossos lábios. E, por sabermos que assim o é, não custa dar também um bocadinho do nosso amor aos outros, para que também eles se possam sentir com força para continuar. Adorei a ideia de tatuar sorrisos um pouco por todo o lado, de o fazer sem esperar nada em troca, de semear o bem por aí, para que dele nasçam mais coisas boas. Felicidade. Quero que esta inspiração do mês do Outubro sirva também de inspiração para o mês de Novembro e que, daqui, se espalhe por todos os meses do ano.

Com amor,
Joana

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It's (almost) Christmas Time! - Part II

11:11 Joana Santos 10 Comments

Kit de Natal

(Ou uma espécie de #christmasinspo)





Está oficialmente aberta (segundo as leis do universo da Joana) a época natalícia. A partir de agora é legítimo comprar presentes, pensar em como redecorar a casa e decidir quais vão ser postais a enviar para a família e amigos. 
Costumo oferecer prendas feitas por mim e postais comprados nas mil e uma lojas de postais que Londres tem, mas acho que este ano vai ser ao contrário. Sinto-me muito numa onda de art & craft e tenho tido ideias maravilhosas (muito graças ao Projecto Cartas Cruzadas, de que falei aqui). 
Quanto à decoração da casa, acho que vai ser um misto das duas coisas, até porque eu e o Gui percebemos o quão divertido é fazer as nossas próprias decorações no dia em que decidimos desenhar uma cara de monstro numa abóbora para a noite de Halloween (leiam a história aqui). Mas, ao mesmo tempo, tenho visto tanta coisa bonita, que é difícil não querer trazer para casa.
Chegou também a hora de decidir qual é o pijama natalício que vou oferecer ao Gui (na minha família, há a tradição de oferecer um pijama na noite de Natal e decidimos que este ano vai ser assim aqui em casa também). Não me posso esquecer, claro, das meias
A juntar a isto tudo é muito importante que escolhamos um Calendário de Advento, porque tudo é uma boa desculpa para comer chocolate. 
Durante este mês e até ao Natal, tenciono experimentar uma lista interminável de coisas que me fazem lembrar o Natal: fazer bolinhos de canela, bolachas em forma de árvore de Natal ou boneco de neve, andar de patins no gelo, e - por favor, quero tanto - brincar na neve
Não sei o que me deu. Eu juro que não era assim. Mas parece que o lado bonito do Natal me contagiou! 

Com amor, 
Joana

(Imagens retiradas do Pinterest)

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