~ Natureza em estado puro ~

13:40 Joana Santos 7 Comments

O Outono chegou em força: Londres está agora coberta por um manto de nevoeiro, a humidade agarra-se ao nosso corpo e ao nosso cabelo. O chá tem sido o nosso melhor amigo. O sofá e a manta polar fazem-nos companhia. Nestes dias, festejámos o Halloween: vestimo-nos de Cleópatra e Júlio César versão Zombie e, acompanhados pelos nossos amigos vampiros, bonecas assombradas e enfermeiros ensaguentados, festejámos o melhor que pudemos. Vimos Nightmare Before Christmas, um filme de Tim Burton, que entrou para a lista dos filmes mais originais e melhor produzidos que já vi. (Sabiam que o filme é todo gravado em stop-motion, que é como quem diz realizado com recurso a fotografias tiradas em sequência de determinados objectos que, quando colocadas todas juntas, dão a ideia de movimento?) Escrevi cartas para o Projecto Cartas Cruzadas. E, melhor do que tudo o resto, risquei Richmond Park da minha lista de lugares a visitar neste Outono (vejam a lista aqui). Decidimos visitar o parque no domingo à tarde, depois de um sábado passado a molengar. De nossa casa até Richmond demoramos apenas meia hora de metro, coisa que, em Londres, é muito pouco tempo dentro de um transporte público. Richmond é uma pequena "vila" dentro de uma cidade gigantesca, que mistura comércio tradicional com lojas de grandes cadeias, onde tanto se vive o reboliço da metrópole como a calma do campo. Em cinco minutos, passamos da zona comercial para o rio e a mãe natureza na sua forma mais pura e, ao entrar dentro do parque propriamente dito, somos levados para um pequeno paraíso. O parque é gigante e, logo à entrada, um mapa do local tenta elucidar-nos o caminho que temos de fazer para chegarmos a pontos chave como os lagos ou os locais de observação de animais. Mas, no meio da natureza, não são precisos mapas. Na verdade, só precisamos mesmo de fechar os olhos e deixarmo-nos guiar pela natureza. Durante a nossa visita, vimos renas e alces ali, no meio das pessoas, sem medo. Vimos patos a nadar em lagos tão bonitos que reflectiam todas as árvores ali à volta. Vimos folhas de cores tão outonais. Vimos o rio. Vimos um pôr do sol magnífico. Vimos crianças a brincar no meio da relva, como se soubessem que estavam a regressar ao lugar de onde tinham vindo. No fim do nosso passeio, estávamos cansados, mas também nós nos sentíamos com as baterias recarregadas, prontos para enfrentar mais uma semana. 








Com amor, 

Joana

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Happiness is Homemade

14:15 Joana Santos 15 Comments

Inspirados pelos vídeos dos Pequenos Monstros, eu e o Gui decidimos fazer uma lista de actividades diferentes, divertidas e desafiantes para ocupar os nossos dias. A ideia é fugir da rotina e experimentar algo diferente, algo que nunca tenhamos feito (ou, pelo menos, algo que nunca tenhamos feito juntos). Como também não somos adeptos de complicações, ficámo-nos pelas coisas básicas e simples: queremos poder fazer estas actividades em qualquer dia da semana, sem ter de esperar pelo sábado ou pelo domingo. Afinal de contas, a vida é para se aproveitar a qualquer hora.
Começámos a riscar os items da nossa lista ontem à noite. E até que não nos saímos nada mal! Ora, para começar, decidimos fazer um bolo. 





Eu sou um zero à esquerda na cozinha: não porque não saiba cozinhar, o problema é que eu nunca tentei aprender. Canso-me de olhar para o forno, aquela meia dúzia de botões parece-me um bicho de sete cabeças. Nunca acerto com a temperatura da água. O tempo da fervura é um dígito demasiado grande para a minha cabeça. E por aí em diante. O Gui sabe cozinhar. Aliás, até sabe fazer bolos. Pão. Mousse de chocolate. E mais uma data de outras coisas deliciosas. Apesar de ele tentar todos os dias ensinar-me a cozinhar, eu prefiro ficar-me pela tarefa de limpar a casa. Mas eu tento: eu juro que estou a tentar melhorar a minha vontade de aprender a cozinhar. Ontem, foi prova disso e foi tão divertido
Decidimos copiar uma receita muito fácil, tirada do site do Pingo Doce, de Bolo Mármore. Sim, foi só para matar as saudades de casa. Ao todo, contando com o tempo que o bolo esteve no forno, devemos ter demorado cerca de uma hora e meia em todo o processo. E, como gostámos tanto desta actividade, decidimos fazer não apenas um bolo mas DOIS BOLOS. Os meus colegas de trabalho agradeceram a decisão de fazer um segundo bolo. 
O resultado final foi um bolo bonito, fofinho e delicioso e, claro, uma cozinha destruída e duas pessoas muito felizes



Nunca pensei que fosse tão fácil fazer este bolo. E, sobretudo, nunca pensei que saísse tão bem. Afinal, nem sempre o que parece difícil realmente o é: às vezes é só mesmo preciso pôr mãos à obra e tentar



Com amor,
Joana

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Uma Casa Horripilante

11:06 Joana Santos 9 Comments

Este fim de semana festejámos o nosso primeiro mês na casa nova. Foi um mês de muito trabalho em que passámos pouco tempo a aproveitar, de facto, a casa. Por isso, este domingo combinámos não sair do nosso cantinho e arranjar actividades divertidas para comemorar. 
Grande parte do dia foi passado em frente à televisão: vimos New Girl, How to Get Away With Murder e How I Met Your Mother, enquanto molhámos as maravilhosas bolachinhas bourbon no café. Os vídeos dos Pequenos Monstros (especialmente este) também nos ocuparam a tarde. Depois, marcámos uma viagem a Oxford, preparámos a nossa viagem a Birmingham e comprámos os bilhetes para ir andar de patins no gelo (yey!). 
Mas nada foi tão divertido quanto decorar a casa para o Halloween
Como contei aqui, estou mesmo entusiasmada para viver esta época assustadora do ano em Londres. Por isso, o Gui comprou uma abóbora e, ontem, divertimo-nos a desenhar uma cara de monstro nela. (Obrigada, Youtube, por existires e nos ajudares nesta tarefa!). Julguei que fosse mais difícil, mas, na verdade, basta utilizar uma caneta para desenhar a cara, uma faca bem afiada para cortar a casca e uma colher para retirar o interior da abóbora. Depois, pode-se colocar um balão com uma luz LED lá dentro (uma daquelas pequeninas que costumam dar nos festivais, por exemplo) para iluminar a abóbora horripilante. 







Comprámos ainda, na Wilco, uma toalha de mesa laranja com formigas e aranhas e duas fitas decorativas para as paredes: uma com morcegos e outra com fantasmas
Adoro ver a casa como está agora: está super divertida e, como a nossa sala está decorada em tons de castanho, preto e laranja, as decorações de Halloween assentam-lhe na perfeição. E, claro, não foi preciso gastar muito dinheiro nem desperdiçar muitos materiais.



Ontem, depois de as decorações estarem concluídas, decidimos fazer um brunch saudável: houve pão rye e salmão fumado, salada, banana com Nutella e, para acompanhar, chá servido no nosso novo bule (obrigada, mãe do Gui!). 




Mas, claro, não nos ficámos por aqui. Encomendámos uns fatos de Halloween pela Internet, para usar na festa a que vamos na próxima sexta-feira. Ontem, foi também o dia de experimentar esses fatos (são muito giros, mas ainda não vos podemos mostrar!) e decidir qual é a maquilhagem que vamos utilizar. 
O fim de semana serviu para recarregar baterias e para me relembrar do quão divertido pode ser este tipo de coisas tão simples: nem sempre é preciso jantares em restaurantes, passeios por lugares maravilhosos ou actividades fora de casa. Não é preciso correr de um lado para o outro e encher a agenda de planos mirabolantes que nos obrigam a atravessar a cidade no meio da multidão e a contar os minutos que temos para chegar ao ponto a que queremos chegar. Na maior parte das vezes, basta as nossas quatro paredes e um bocadinho de imaginação para aproveitarmos a companhia das pessoas com quem partilhamos a nossa vida. O amor é assim: simples.

Com amor,
Joana

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Um Outono Perfeito em Londres

13:39 Joana Santos 13 Comments

Já o disse e volto a repetir as vezes que forem precisas: adoro o Outono e adoro passá-lo em Londres. É certo que o Outono aqui é muito mais frio do que em Portugal, mas, ao mesmo tempo, acaba por ser mais acolhedor: podemos passar os dias em cafés bonitos, tal como vos contei aqui, a beber café, chá ou chocolate quente, podemos beber vinho quente numa feira de Outono, podemos ler um livro junto à lareira numa livraria antiga ou podemos caminhar por cima de folhas amareladas e estaladiças num dos mil parques gigantes de Londres. 


Os parques são a minha opção preferida. Há uma mistura de cores mágica criada pelas tonalidades das árvores. Há esquilos. Há renas. Há lagos onde vemos o nosso reflexo. Há uma vontade de estar em comunhão com a natureza e de nos deixarmos abraçar por ela. 
E, como eu sou maluca por fazer listas, claro que tenho uma lista de parques a visitar nesta época. Durante o ano passado, consegui explorar os mais conhecidos: St. James's Park, Green Park, Greenwich Park , Regents Park , Kensington Gardens e Hyde Park, por exemplo.


De todos eles, o meu preferido continua a ser o gigantesco Hyde Park. Tudo graças ao lago que se encontra no meio do parque, The Serpentine, e que, nesta época, se enche de cisnes brancos. Aqui há também um café bastante acolhedor, que nos permite apreciar a vista do parque. Podemos ainda andar de patins pelas muitas estradas próprias para tal que por lá existem e dali a Kensington Gardens é só um pequeno saltinho. 
Este ano, acrescentei à lista duas pérolas de Londres: Kew Gardens e Richmond Park. O primeiro já existe há mais de 250 anos e diz quem já lá esteve que alguns dos jardins nos fazem recuar uns bons anos no tempo, pois são verdadeiras obras de arte da época vitoriana. O segundo é a casa de mais de 600 renas e uma data de outros animais difíceis de observar noutros lugares. 


Ambos os lugares, fazem parte da National Trust, uma organização que protege os parques, monumentos, reservas naturais e outros lugares especiais no Reino Unido. Para os membros desta organização, as entradas em todos os lugares dos parques e jardins são grátis. E não custa quase nada ser um membro da National Trust: por 30 libras ao ano, temos acesso a uma lista interminável de lugares maravilhosos e lindíssimos por toda a Inglaterra, Escócia e País de Gales. Além disso, temos ainda acesso ao Passaporte National Trust e podemos carimbá-lo por cada lugar que passarmos. 
Ainda não sou um membro, mas conheci a organização através da Soraia (podem acompanhar as viagens dela aqui e aqui) e quero muito aderir em Janeiro, para começar a visitar todos os lugares abrangidos pelo passaporte logo no início do próximo ano. 
Depois, é esperarem pelas histórias dos lugares aqui pelo blogue, porque, claro, quero fazer-vos viajar comigo!
 Com amor,
Joana

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Vamos enviar cartas?

20:39 Joana Santos 11 Comments

Não sei bem há quanto tempo conheço a Mariana. Sei que comecei a ler o blogue dela e, a pouco e pouco, fomos tornando aquilo que começou por ser uma amizade virtual num amor pessoal. A Mariana é daquelas pessoas de que é fácil gostar: dentro do coração dela cabe o mundo inteiro. Ela sabe como fazer alguém sorrir e fá-lo sem esforço, sem manhas, sem pedir nada em troca. É genuína. E eu gosto mesmo muito dela. 
Já tive oportunidade de a conhecer e, desde então, sinto que levo sempre a Mariana comigo. E sinto que estou sempre no coração da Mariana, juntamente com todas as outras pessoas bonitas a quem ela se dá. 
A Mariana - para além do talento de fazer pessoas felizes - sabe como tornar o mundo num lugar bem pequenino, sabe como ligar sorrisos uns aos outros e como fazer chegar amor aos quatro cantos do planeta. Grande parte das pessoas inspiradoras que conheço - virtual ou pessoalmente - chegaram até mim através da Mariana. Como?, perguntam vocês. Pois bem, a Mariana é apaixonada por chá e por cartas. É uma das formas que ela encontra de ter sempre o seu coração quentinho. E, como chá e cartas andam sempre de mãos dadas, a Mariana, provavelmente num dia em que uma chávena lhe deu mais inspiração, decidiu criar o Projecto Cartas Cruzadas
Inicialmente, a Mariana pediu ao mundo que, se quisesse receber uma carta dela, a avisasse. E o mundo respondeu-lhe. A Mariana enviou cartas para muitas casas, para Portugal e para fora das nossas fronteiras. Enviou cartas para miúdos e graúdos. Enviou cartas que fizeram nascer sorrisos e até cair lágrimas. 
E, em troca, a Mariana recebeu muitas respostas. Por dar amor, recebeu ainda mais amor. E as cartas foram crescendo. O Projecto desenvolveu-se, ganhou novos contornos e, hoje, há uma comunidade de troca de cartas. Tanto que o número das cartas enviadas em Portugal este ano até subiu. Não acreditam? Vejam aqui
Eu fui apanhada nesta corrente das cartas. Por um lado influenciada pela Mariana, por outro culpa da distância a que estou da família e amigos. 


A Mariana e eu trocamos cartas desde a altura em que eu ainda estava em Portugal, mas, em Londres, habituei-me também a enviar pequenos postais à minha mãe, avó e amigas sempre que vou a algum lugar diferente. Para além disso, e devido à oferta gigantesca que há aqui, ganhei o vício de enviar postais em alturas como aniversários e outras ocasiões especiais. 
Recentemente, juntei à minha lista mais três meninas com quem trocar cartas (graças à Mariana, claro). E, no meio disto tudo, ainda há as cartas que envio graças às trocas de chás que faço com o grupo Xícara de Chá (também culpa da Mariana). 


A febre das cartas já é tão grande (a juntar à vontade recém-descoberta que tenho de pegar em tesouras, tubos de cola e lápis de cor) que ando por Londres à procura de um daqueles kits de cartas que têm envelopes, papéis às cores,  carimbos, selos engraçados... (Sabem onde se compra?)
Com toda a tecnologia de hoje em dia, é difícil lembrarmo-nos de que aprendemos a escrever, a desenhar uma caligrafia bonita no papel. Acredito que a tecnologia é aquilo que fizermos dela e que, se a usarmos para o bem, estaremos e faremos o bem também. Mas, ao mesmo tempo, defendo que, numa época em que toda a comunicação se faz de uma maneira muito específica, sabe bem ser diferente, sair da rotina e da zona de conforto. Sermos nós, numa folha de papel. 
Numa altura em que os sorrisos chegam através de likes e comentários e emojis e conversas no Whatsapp, sabe bem entregar miminhos que vêm em envelopes que percorrem quilómetros e passam por tantas mãos diferentes. Envelopes que trazem letras que se compõem em frases que se dirigem ao nosso coração. Que falam connosco mais do que qualquer conversa imediata que tenhamos tido virtualmente.
Eu vou continuar a trocar cartas. E vocês, quando começam?
Obrigada a todas aquelas que têm feito chegar até mim miminhos em forma de palavras desenhadas à mão. E obrigada à Mariana por ter estas ideias tão bonitas. 

Com amor,
Joana






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Vícios da Semana

19:08 Joana Santos 9 Comments

A gripe decidiu atacar-me. Desde domingo que a garganta está em chamas, o nariz pinga e os meus melhores amigos têm sido os lenços de papel e o meu querido Lemsip (um medicamento para a gripe muito utilizado no Reino Unido). Chás atrás de chás, lá vou suportando os calafrios. Não sei de onde é que veio o vírus do mal, mas acredito que esteja relacionado com este frio que decidiu chegar em força aos País de Sua Majestade. 
Quando o despertador toca, ainda de madrugada, tenho de me forçar a sair da cama para ir trabalhar (que, obviamente, a vida não se ganha sozinha, pois está claro), enrolada em cachecóis. No trabalho, a minha secretária tem todo um kit de sobrevivência: batom do cieiro, medicamentos para tomar de 4 em 4 horas, pastilhas para a garganta, saquetas de chá de limão e gengibre... Mesmo assim, parece que o tempo teima em passar e que nunca mais é hora de voltar para o vale dos lençóis e descansar o corpo e a cabeça, que ficam esgotados com tanta tosse e espirros
Depois do trabalho, não há cá paciência para grandes actividades de lazer fora de casa. E, por um lado (porque temos de ver sempre o lado positivo), ser obrigada a estar fechada dentro de quatro paredes faz com que me ponha em dia nas leituras, no maravilhoso mundo das séries televisivas e na música. Por causa disso, ganhei novos vícios (muito saudáveis). 

Livros

É quase impossível tirar os olhos de cima do livro Em Nome do Pai, de Nuno Lobo Antunes. Quando o comecei a ler, sugestão do Gui, a história não me prendeu. Umas páginas depois, estou rendida. O livro conta a história de José, pai de Jesus. Exactamente: esse mesmo. Ele é uma das personagens menos conhecidas da Bíblia, vive na sombra de Maria, mãe de Jesus. Mas como terá sido a vida  deste carpinteiro? O livro, obviamente, é uma obra de ficção, mas a história desenrola-se de uma maneira tão bonita, que somos levados a sentir que até mesmo aqueles que acreditamos serem deuses têm vidas normais como a nossa: debatem-se sobre os mesmos assuntos, pensam da mesma forma, sonham o mesmo que nós e, sobretudo, põem em causa as leis do universo de que nós também duvidamos.



Séries

Sou daquelas pessoas que tem uma lista interminável de séries para ver e que não sobrevive sem o TV Show Time (vamos ser amigos por lá também?). New Girl, Shameless, How To Get Away With Murder e Homeland são aquelas que me têm prendido ao ecrã mais recentemente. Mas, nestes dias em que a gripe decidiu chatear-me, a série que tem sido quase como um medicamento é How I Met Your Mother. Eu sei, eu sei... A série já é bastante antiga e até já terminou, mas nunca acabei de a ver. Acho que é desta. Quando mudámos de casa, tive de garantir que tínhamos uma manta daquelas polares e fofinhas (comprámos a nossa na Primark), para estas alturas e, portanto, enquanto o Gui não chega a casa é ela que me faz companhia no sofá na hora de ver a série.



Música

Para não em ouvir a fungar de cinco em cinco segundos, arranjei uma maneira de me concentrar na escrita ou nas leituras: ouvir música. Às vezes, deixo só a playlist "Discovery Weekly" do Spotify a tocar e, por causa disso, tenho encontrado novas paixões musicais, como Oh Wonder. Desde que descobri a banda londrina, fiquei completamente vidrada nas músicas Without You e Drive.


E vocês? Quais têm sido os vossos vícios do momento?

Com amor, 
Joana 

PS.: Enviem-me boas energias para ver se a gripe vai embora. 

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But first Halloween!

16:21 Joana Santos 6 Comments

Temos de admitir que o Halloween em Portugal não é das festas que mais nos faz entusiasmar. Ao longo destes vinte e três anos, lembro-me de ter comprado um chapéu de bruxa e saído para a rua a tocar às campainhas dizendo "doce ou travessura"apenas uma vez. Acredito ter sido no sétimo ano, pois lembro-me vagamente do meu grupo de amigos daquela altura correr pela rua aos gritinhos de excitação na noite assombrada. Mas não houve mais do que isso.
No ano passado, já estava em Londres no dia 31 de Outubro. Escrevi até para a Travel&Taste sobre o assunto:

"Não se sabe bem qual foi a origem do Halloween. Há quem defenda que começou no seio do povo celta, que acreditava que, com a chegada do inverno, os mortos regressavam para visitar os familiares e as casas, mas também há quem diga que este é um festejo com origem católica, que antecede o Dia de Todos os Santos e, por isso, a noite anterior denomina-se “The All Hallow’s Eve”.

Mas uma coisa é certa: seja qual for a origem, os festejos estão sempre ligados à morte, ao desconhecido e ao fantástico e, por isso, é uma noite mais do que mística."

Fui espectadora na noite mais horripilante do ano. Não me mascarei, não festejei, não me confundi com tantas outras bruxas, abóboras, vampiros e noivas cadáver pelas ruas londrinas. O meu pai veio visitar-me nessa altura: ele não suporta máscaras, foge a sete pés, tem pavor. Achei por bem não o forçar nestas aventuras!
Este vai ser o meu primeiro Halloween "a sério". Este vai ser o ano em que me deixo também contagiar pela febre assombradora que se espalha por toda a Inglaterra. 
Aqui por Londres, o mais comum é festejar dentro de casa. As chamadas "house parties" juntam pequenos e graúdos, vizinhos e família, amigos, conhecidos e até completos desconhecidos. Há também quem decida invadir os pubs, decorados a preceito. E nem sequer é obrigatório escolhermos uma máscara assustadora para festejar: podemos ser a Branca de Neve, disfarçarmo-nos de alguém famoso ou até imitar um emoji.
Os meus planos já estão traçados: vai haver um jantar de amigos, seguido de uma festa chamada The End of The World Party. A festa consiste em festejar a aproximação do fim do fundo (que "terminará" à meia noite), aproveitando os últimos minutos no planeta Terra. Ainda não sei em que consistirá o jantar, mas sinto-me uma criança entusiasmada com as decorações laranjas e pretas, com as abóboras em forma de cara de monstro e com todos os outros apetrechos que não podem faltar!
Já estamos perto da noite dos sustos e eu faço questão de garantir que tenho tudo pronto para a aproveitar da melhor maneira. Vai haver uma playlist especial, fatos horripilantes (ainda não decidi de que é que me vou mascarar, mas podem dar ideias!) e, provavelmente, até é desta que risco da minha lista de filmes a ver o Corpse Bride (eu sei, eu sei...).

E por aí quem é que vai festejar o Halloween? Deixo-vos algumas ideias:














Imagens retiradas do Pinterest




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It's (almost) Christmas Times

12:49 Joana Santos 8 Comments

Quando era pequena, adorava o Natal. Fazia uma lista interminável de presentes e enviava-a ao Pai Natal. Na noite de 24 de Dezembro, a visita do velhinho das barbas brancas era certa (obrigada, avô!). Natal era sinónimo de mesa cheia, família junta, muitos brinquedos e roupa novos e, claro, comida boa! Com o tempo, o Natal e aquilo que ele significa foi-se alterando. A família diminuiu: numa mesa habitualmente composta por quinze pessoas passaram a sentar-se cinco. Os brinquedos e roupas substituiram-se por pequenos miminhos com muito amor. A comida continuou a ser óptima. Os cinco descobrimos que o mais importante é o amor que nos une e não os bens materiais que se trocam na Consoada
Com isso em mente, decidimos partilhar a nova descoberta natalícia. A nós, juntaram-se outros cinco. Dez numa mesa em que o norte e o sul do país se misturaram. Houve bacalhau e polvo, aletria e rabanadas. 
Depois, eu mudei-me. Mil e seiscentos quilómetros separaram-nos e, pela primeira vez, o Natal foi à distância de um skype. Mas sem por isso deixarmos de partilhar a confusão (e a alegria) que é ter uma mesa cheia.
Com esta mudança de país, o Natal voltou a dar uma volta de 180 graus. Londres tem um espírito natalício muito acima da média portuguesa. A temperatura gélida de Outubro já nos faz ter vontade de calçar meias de Pai Natal, comprar um pinheiro e começar a decorar a casa com bonecos de neve. Pelas ruas, já se começam a construir as luzes, que acenderão no princípio de Novembro. Nas montras das lojas das avenidas compridas já se vêem tonalidades de verde, vermelho e branco
Também eu sou inundada de espírito natalício. Estamos a meio do décimo mês e eu só penso nos presentes que quero oferecer. Nos postais que vou enviar. Nas decorações da minha casa nova. Em estar perto da minha família na noite de 24 e no dia 25 de Dezembro.
O Natal continua a ser tempo de dar uma dose redobrada de amor e de miminhos à minha família, mas agora é também tempo de partilhar a festa com o mundo
Se antes criticava o Natal porque só via consumismo, agora olho para o consumismo com ternura e faço dele aquilo que eu quero fazer: uma maneira de longe estar perto e sentir-me em casa. E porque quando se partilha amor que vem do fundo do coração com o mundo ele nos dá sempre um bocadinho mais, este ano, somos onze à mesa.

Com amor, 
Joana

Imagem retirada da Internet

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We are all one

13:21 Joana Santos 4 Comments

Ontem, durante um jantar, dividido entre uma italiana, dois portugueses (um deles metade brasileiro) e um britânico, ouvi várias vezes alguns pré-conceitos associados aos cidadãos do mundo. Dei por mim a proferir frases como “Nota-se logo que és italiana: basta olhar para ti a falar com as mãos.” e ouvi outras como “Isso é porque vocês são ingleses: falam, falam mas só querem é ficar em casa sem trabalhar.”. Pelo meio, ainda acusámos os americanos de serem pouco sociáveis e bastante convencidos. No dia anterior, a minha professora de yoga disse-me, durante uma conversa sobre alimentação, que, por ser portuguesa, eu não era de certeza vegetariana.
Fui para a cama a pensar na quantidade de ideias estapafúrdias que construímos acerca dos outros. Achamos que os ingleses não têm piada, que são frios e distantes; achamos que os japoneses só comem arroz com pauzinhos; que os australianos são todos altos e louros. Fazemos piadas sobre a lentidão dos alentejanos e rimo-nos dos que vivem no Este de Londres porque juramos a pés juntos que são “preguiçosos” a falar, engolindo os t.
Não que o façamos por mal. Na verdade, está-nos no sangue. Achamos nos outros diferenças e agarramo-nos a elas para as usar como representação de cada cultura. Sentimos que isso é necessário para justificar as divisões deste mundo. Mas, na verdade, se pensarmos bem todos somos um pouco como todos os outros.
Quantas vezes são as que um lisboeta, tal como um east londoner, dá por si a dizer as palavras pela sua metade: shprar, sclher? Quantas vezes não partilhamos gargalhadas, enquanto bebemos uma pint, com o nosso amigo inglês? Quantas vezes não damos por nós aos berros, no meio do autocarro, a gesticular sem parar, porque os gestos e a voz dão mais vida às histórias que contamos? Tantas. Tantas vezes. A toda a hora.
Há japoneses muito brancos. Australianos negros. Turcos de olhos azuis e cabelos louros. Senhoras indianas que, afinal, são portuguesas como nós. Os italianos não comem só pizza e massa. Há portugueses que sobrevivem sem carne e britânicos que comem mais do que ready meals. Há muçulmanos que vão a Fátima e que abraçam cristãos. Cristãos casados com muçulmanos. Portugueses altos e brasileiros que não gostam de funk.

E desenganem-se: não vale a pena usar o argumento da maioria. É por nos abraçarmos a essa ideia que acreditamos que o mundo é todo como o vemos. E não é. O mundo é muito mais do que ideias que criamos no nosso imaginário. É por acreditarmos nos nossos preconceitos que olhamos para o outro como se ele não fosse um de nós. Porque, sejamos honestos, não faz mal ao mundo que achemos que um italiano só come pizza, mas, ao acreditarmos piamente naquilo que se diz sobre os que praticam determinada religião, os que são de determinada cor de pele, os que foram levados a imigrar pelas circunstâncias da vida, acabamos a deixar o mal entrar no nosso coração. Criam-se fronteiras físicas e mentais, fecha-se o mundo e acabamos sozinhos. E não é para isso que aqui estamos. Todos nós pisamos o planeta terra. Todos nós temos os mesmos sonhos: ser felizes e estar bem de saúde, ter uma família e um tecto. Todos nós escutamos, à noite, antes de adormecer, o bater do nosso coração. E todos nós sabemos que partilhamos esse som com cada ser, por muitos quilómetros que o separem de nós.  

Com amor, 
Joana


Imagem retirada da Internet

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Shoshin

16:15 Joana Santos 2 Comments

Começos. Adoro começos. Deixam-me motivada. Dão asas à minha criatividade. Fazem-me procurar mais dentro de mim própria aquilo que me deixa realmente feliz. Por essa razão, costumo dizer que a minha vida é um eterno começo. Sou uma pessoa cuja mente gosta de estar ao nível da mente de um principiante.
Shoshin — um conceito explorado pelo budismo zen — diz respeito a esta mente de principiante ou, em inglês, begginer's mind. Diz Shunryu Suzuky que "In the beginner's mind there are many possibilities, in the expert's mind there are few.".  E este tornou-se um dos pensamentos a ter sempre em conta na minha vida.
Gosto de começar de novo. Gosto de explorar coisas pouco exploradas. Gosto de estar aberta a estas infinitas possibilidades que a vida me traz. E, por isso, escrever aqui vai servir exactamente para me lembrar disso: de que há sempre um sítio para onde ir aprender mais e sair daquela que é a nossa zona de conforto. E onde é que ela fica? Na nossa mente que já sabe, que já conhece, aquela que nos impede de aprendermos e de descobrirmos mais porque começamos a usar a célebre frase: eu já sei isto. E acostumamo-nos. Entramos na rotina que já conhecemos.
E eu não quero essa rotina. Quero, dando um passo de cada vez, cair e levantar-me. Dizer que não sei. Seguir os meus instintos. Explorar. Viver os momentos ao máximo. Sair da minha zona de conforto. Experimentar mil e uma possibilidades de viver esta vida. Sem medo de falhar, mas sabendo que isso vai acontecer. Questionar, sem esperar respostas. Ser eu — sem artifícios. Ser crua. Ser zen.

Com amor,
Joana


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A minha Londres

10:17 Joana Santos 4 Comments

"The sound of rain needs no translation."

Londres.

Gosto dos dias de chuva, em que o som dos passos apressados se mistura com os salpicos de água. Gosto dos dias frios, em que parece que o nariz congela se não o escondermos rápido dentro do nosso cachecol. Gosto do café quente entre as mãos. Gosto do som de mil línguas diferentes soltas pelas ruas. Gosto dos sorrisos que se trocam com estranhos em qualquer lugar. 





Aqui ganhei amigos de tantos lugares do mundo, que me trouxeram cores, cheiros e sabores dos quatro cantos do planeta. Aqui aprendi a contar até dez em polaco, a dizer olá em grego e descobri que "mesa" se diz da mesma maneira em Portugal e no Irão. Aqui provei pela primeira vez comida paquistanesa. E ri-me até já não poder mais quando uma búlgara me cantou o "Ai se eu te pego" e disse que a música tinha estado no TOP da Bulgária durante dois verões seguidos.




Celebrei o Halloween. Vesti uma camisola de lã com motivos natalícios. Dancei no meio das folhas e brinquei com a neve. Troquei postais de "boa sorte no novo emprego" e de "parabéns pela nova casa". 




Adoptei tradições e emprestei as minhas: contei-lhes que subimos a uma cadeira às doze badaladas do novo ano, que temos mil formas diferentes de cozinhar bacalhau e que comemos sardinhas assadas numa noite específica do ano. 






Em Londres descobri o mundo. Cheguei mais longe do que qualquer dia pensei chegar. 

Londres é a minha cidade. Enquanto aqui estiver, há-de ser a minha cidade. Mesmo quando for embora, continuará a ser a minha cidade. Afinal de contas, Londres guarda demasiados dias bonitos da minha vida. Ã‰ a minha casa, porque é aqui que está o meu coração.


Com amor,
Joana

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